“Somos uma equipa de givers”: conhece a Startup Leiria
Mesmo no centro de Portugal, está a Startup Leiria. Casa de startups que voaram até Paris ou mesmo Hollywood, é hoje um pólo agnóstico de atração de novos projetos inovadores e intensivos em conhecimento. Fomos falar com Vítor Ferreira, Diretor Geral da Startup Leiria, para conhecer melhor esta incubadora que vê nas áreas agroalimentar, saúde e cibersegurança grandes oportunidades para o seu futuro.
Este conteúdo está disponível em inglês.
– Como surgiu a Startup Leiria?
A Startup Leiria surge da fusão de duas Associações. A IDDNet, uma incubadora fundada em 2004 e a Startup Leiria, uma aceleradora criada em 2018. Compreendemos que unir esforços era mais importante do que ter duas instituições numa região como a de Leiria. E assim foi, depois de dezembro de 2020, crescemos mais de 200% e incubamos todo o tipo de projetos.
– Têm alguma área de especialização?
Somos “agnósticos”, temos desde a Cricket Farming (empresa que trabalha na área de I&D para a produção de insetos para consumo humano), a empresas de Fintech, IA, etc. O fio condutor é que os negócios sejam inovadores e intensivos em conhecimento e gerem valor para a região.
– Em que consiste o vosso modelo de incubação?
O nosso mote é que não recusamos uma reunião de primeiro contacto a ninguém, seja uma foodtruck, uma retrosaria ou um negócio disruptivo. Depois dessa primeira reunião, decidimos se o negócio tem fit no ecossistema.
Caso tenha, traçamos um plano de incubação, de acordo com o estágio de maturidade do projeto (pre-seed, seed, scale, etc.) De acordo com o estágio, o consultor adstrito usará um conjunto de ferramentas ao longo das sessões de acompanhamento (pelo menos uma mensal). Também designamos um mentor-padrinho para acompanhar o projeto.
Depois, vamos acompanhando a evolução do projeto até à sua maturidade. No momento inicial, todos os projetos passam pela nossa plataforma de onboarding, onde têm acesso a todos os benefícios do ecossistema, informações sobre a região, softlanding, modelos de apoio, etc. Vamos muito além do espaço, todas as startups têm um gestor de cliente e um acompanhamento próximo.
– Conta-nos a história de uma startup que tenha marcado a incubadora? E onde é que a incubação convosco fez a diferença?
Obviamente que existem projetos diferenciadores mais conhecidos de todos – Soundparticles, Lovys, Glartek, Bhout, Reatia, Evollu, etc. A história recente da Startup Leiria confunde-se um pouco com o crescimento da Soundparticles ou da Lovys, mas acho que a diferença que temos feito com todos é no acompanhamento pessoal, na cultura de co-criação que temos, na celebração da felicidade de todo o ecossistema.
Por exemplo, a Bhout foi investida pela Portugal Ventures no seguimento do nosso Demo Day de 2022, no Castelo de Leiria. Nesse evento, tivemos startups a fazer pitch na Igreja da Pena, entrega de prémios na varanda do Castelo de Leiria e a inauguração do nosso terceiro espaço, no Mercado de Leiria. Considero este um momento especial pela conjugação de todos estes fatores.
– Falhar também faz parte do caminho. Qual a maior aprendizagem com algo que não correu bem?
Claro que temos muitas tentativas ou programas com menos sucesso, em que gastámos imenso tempo e zero resultados! Mas diria que isto vem da nossa cultura, que encoraja os colaboradores a tentar, que não pune o fracasso e celebra o sucesso.
Por exemplo, o Forest Starter era uma ideia pioneira de acelerar startups europeias, com um consórcio de incubadoras da Suécia, Finlândia, Grécia e Itália, e deu zero sucesso.
“Temos uma ligação pessoal e emocional com os nossos membros, o que cria uma espécie de família gigante!”
– Qual é o fator diferenciador da vossa incubadora? Por outras palavras, o que é que vocês têm de único que potencia o sucesso das startups que incubam?
Somos um ecossistema que compreende que a ligação entre founders, colaboradores, equipa da incubadora, forças vivas da região é essencial. Somos uma equipa de “givers” que festeja o sucesso dos outros como ninguém, que preza pelo profissionalismo, mas também pela loucura e criatividade – ou seja – a cultura organizacional, a capacidade da equipa, a rede (interna e externa ao ecossistema) e o dinamismo tornam-nos únicos.
– Que tipo de projetos ou startups estão agora à procura?
Todas – desde que inovadoras e intensivas em conhecimento. Mas vamos ter vários programas de aceleração este ano, alguns agnósticos, mas para projetos vindos da academia; outros, ligados à área agro-alimentar (do campo, à produção de alimentos), mas que incluam IT, I4.0, IA, biotech, etc.
Somos parte de um Testbed (Test4Food, com o grupo Lusiaves) e estamos a acelerar empresas e projetos nesta área, apoiando na elaboração de protótipos e business cases. Outra área importante, será tudo o que tenha a ver com negócios intensivos em conhecimento na área de Health. Temos um programa de aceleração com incubadoras e universidades na Áustria e na Sérvia (HEICE).
Hoje somos parte de um Digital Innovation Hub, na área de cibersegurança (C-hub), 1 Testbed, 2 agendas mobilizadoras e vários projetos europeus.
– A comunidade é um dos factores que distingue uma incubadora de um centro de escritórios. Como cuidam da vossa e que planos têm para a tornar mais coesa e fértil?
Temos imensos eventos, só em 2023 contámos mais de 35. Desde eventos técnicos, webinars, conferências, aulas abertas, eventos de partilha entre founders, Demo Days, festas temáticas como o Welcome Summer, Back to Work, Wine O’Clock (que é o meu preferido 😊), etc. Temos uma ligação pessoal e emocional com os nossos membros, o que cria uma espécie de família gigante!
– Querem partilhar connosco alguma novidade? Algum evento ou alguma iniciativa que devemos todos ter na nossa agenda?
Como referi, os nossos programas de aceleração em Agritech e Health Tech. As nossas novas parcerias com Batalha e Alcobaça. Vamos ter novos espaços de incubação e o nosso Demo Day do ecossistema que vai ter lugar a 15 de maio.
SOBRE O #INCUBXDISCOVERIES
#IncubXdiscoveries é a rubrica mensal da Startup Portugal que vai ajudar-te a descobrir as incubadoras portuguesas. Que projetos incubam, como gerem a sua comunidade e que casos de sucesso tiveram e projetos futuros, são alguns dos temas abordados nestas entrevistas.
Se gostarias de conhecer melhor a Startup Leiria, porque gostarias de ver o teu projeto incubado nesta região ou porque queres estabelecer uma parceria, contacta a equipa da Startup Portugal através do e-mail incubadoras@startupportugal.com.
Outros artigos