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“Gerida diretamente por uma Comunidade Intermunicipal”: dentro da Stage One

“Gerida diretamente por uma Comunidade Intermunicipal”: dentro da Stage One

Localizada no Alto Tâmega e Barroso, a Stage One destaca-se por ser a primeira incubadora em Portugal gerida diretamente por uma Comunidade Intermunicipal. Ao ligar os recursos locais à ambição empreendedora, oferece apoio personalizado a projetos em fase inicial e a empresas já estabelecidas. Falámos com Anabela Carneiro, Coordenadora da Stage One, sobre o impacto da incubadora na região.

 

– Como surgiu a Stage One – Incubadora da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso? Que tipo de projetos incubam?

Costumamos dizer que fizemos o caminho um pouco ao contrário. Desde 2018 que a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT) tem vindo a desenvolver iniciativas ligadas ao empreendedorismo, nomeadamente através do Concurso de Ideias “Empreender no Alto Tâmega e Barroso”.

Terminado o acompanhamento dos projetos que passaram pela capacitação no âmbito deste concurso, os empreendedores continuavam a precisar do nosso apoio e nós também não achávamos correto “largar-lhes a mão”, pelo que continuávamos a acompanhá-los de forma não oficial.

Foi, então, que em junho de 2023 nasceu a Stage One – para oficializar parte do trabalho que na prática já fazíamos, tornando-nos na primeira incubadora em Portugal gerida diretamente por uma Comunidade Intermunicipal. Os projetos incubados são maioritariamente iniciativas em fases muito iniciais, ainda em desenvolvimento e validação de conceito, mas também empresas já constituídas que procuram apoio para crescer e/ou reformular o seu modelo de negócio.

 

– Têm alguma área de especialização?

Apesar de a incubadora estar aberta a diferentes tipos de projetos, sendo esta gerida por uma Comunidade Intermunicipal, existem áreas estratégicas de maior relevância para o território, pelo que valorizamos projetos ligados ao turismo de natureza, saúde e bem-estar, agroalimentar, florestal, sustentabilidade ambiental e setores ligados ao ecossistema bio.

Estas áreas refletem os recursos, os desafios e as oportunidades do Alto Tâmega e Barroso, mas a Stage One não se limita a elas, acolhendo também outras ideias sempre que tenham potencial para criar impacto positivo na região. O retorno que esperamos obter é um ganho para o território e não para a instituição.

 

– Em que consiste o vosso modelo de incubação?

A Stage One disponibiliza três modalidades de apoio: Pré-incubação (até seis meses) – indicada para quem ainda está a validar a ideia, avaliar o mercado e estruturar o projeto; Incubação virtual (até três anos) – acompanhamento online, acesso a toda a rede de contactos da incubadora e possibilidade de acesso aos espaços físicos; e Incubação física (até três anos): mentoria, acesso à rede e espaço de trabalho.

Embora a sede esteja em Chaves, este espaço estende-se aos coworks dos restantes municípios que integram a Comunidade Intermunicipal – Boticas, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. Esta particularidade permite que os empreendedores não tenham de se deslocar a Chaves e, em caso de falta de espaço, encontrem alternativa num dos restantes coworks.

 

– Falhar também faz parte do caminho. Qual a maior aprendizagem com algo que não correu bem?

Um dos maiores ensinamentos até agora é que muitos projetos não falham pela falta de ideias, mas sim pela dificuldade em compreender o mercado e em garantir recursos humanos e financeiros adequados. Este processo de aprendizagem é também valioso para a própria incubadora, que vai ajustando metodologias e criando respostas mais adaptadas às necessidades locais.

 

 

– Qual é o fator diferenciador da vossa incubadora? Por outras palavras, o que é que vocês têm de único que potencia o sucesso das startups que incubam?

O grande fator diferenciador da Stage One é a sua integração direta com a CIMAT que lhe dá acesso a uma equipa multidisciplinar e às várias entidades que integram o conselho estratégico desta, nomeadamente, o AQUAVALOR – Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia da Água (CoLAB), IPB, UTAD, IEFP, ADRAT, Associações Empresariais, entre outras, assim como com os seis municípios do Alto Tâmega e Barroso.

Na Stage One também fazemos questão de acompanhar com regularidade os projetos, pelo que propomos sempre aos empreendedores reuniões de trabalho quinzenais.

Esta proximidade permite alinhar projetos com as estratégias de desenvolvimento regional e dar acesso facilitado a apoios locais, infraestruturas e parcerias. A incubadora cria um ecossistema de suporte que valoriza o território e potencia as ligações dos empreendedores às instituições (academia, governo e indústria). Resumindo, é uma incubadora feita para e com a região.

 

– Que tipo de projetos ou startups estão agora à procura?

A Stage One procura sobretudo projetos que tragam soluções inovadoras para os desafios do território, desde produtos e serviços ligados ao turismo sustentável, ao agroalimentar e ao florestal, até ideias de base tecnológica que promovam a digitalização de negócios locais. Estamos atentos tanto a empreendedores em fase de ideia como a startups que queiram consolidar-se e crescer a partir do Alto Tâmega e Barroso.

 

– Quais são os principais desafios para a incubação, no vosso contexto concreto?

O território oferece qualidade de vida e recursos únicos para testar soluções inovadoras em contexto real. O desafio é transformar estas vantagens em argumentos claros para atrair e reter empreendedores, assim como garantir financiamento para startups em estado inicial. A falta de apoios para a efetiva criação de novos negócios, assim como os critérios de elegibilidade de alguns desses apoios, tem sido o principal desafio no apoio aos nossos incubados.

 

– Querem partilhar connosco alguma novidade? Algum evento ou alguma iniciativa que devemos todos ter na nossa agenda?

Vamos agora em setembro dar início ao programa de aceleração da 6ª edição do Concurso de Ideias “Empreender no Alto Tâmega e Barroso”, onde selecionámos 9 projetos para acompanhar.

Também está para breve a apresentação pública do projeto ACTIVE – Centros de Empreendedorismo de Impacto no Alto Tâmega e Barroso, uma iniciativa promovida pela Fundação AEP, com a CIMAT enquanto investidor social, financiada através do Portugal 2030, onde a Stage One será a incubadora dos projetos acompanhados no âmbito desta operação.

 

ABOUT #INCUBXDISCOVERIES

#IncubXdiscoveries é a rubrica mensal da Startup Portugal que te ajuda a descobrir incubadoras portuguesas. Que projetos incubam, como gerem a sua comunidade e que histórias de sucesso têm para contar são alguns dos temas abordados nestas entrevistas.

Se quiseres saber mais sobre a Stage One, seja porque queres ver o teu projeto incubado nesta região ou porque queres estabelecer uma parceria, entra em contacto com a equipa da Startup Portugal através do email incubadoras@startupportugal.com.

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Startup Portugal Team • Setembro 12, 2025

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