#IncubXdiscoveries

«O nosso grande marco é a consistência»: diretamente da In.Cubo

«O nosso grande marco é a consistência»: diretamente da In.Cubo

Na edição deste mês de #IncubXdiscoveries, viajamos até ao Alto Minho para conhecer a In.Cubo, uma incubadora com foco em territórios de baixa densidade e uma atuação que cruza inovação, indústria, recursos endógenos e comunidade. Falámos com Jorge Miranda, Senior Project Coordinator, sobre o modelo de incubação, os eixos estratégicos e os desafios de criar impacto com consistência.

 

Como surgiu a In.Cubo? Que tipo de projetos incubam?

A ACIBTM – Associação para o Centro de Incubação de Base Tecnológica do Minho (In.Cubo) foi constituída a 1 de março de 2007 como uma associação de direito privado, sem fins lucrativos. Nasceu da iniciativa de fundadores institucionais, nomeadamente a Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), com a missão clara de valorizar os recursos locais e desenvolver a base económica regional.

Incubamos iniciativas empresariais inovadoras, focadas não apenas na base tecnológica, mas também na valorização dos recursos endógenos da região. Apoiamos todo o ciclo de vida do projeto: desde a fase de ideação e elaboração do Plano de Negócios, até empresas maduras que necessitem de espaços industriais. A nossa abrangência é vasta, indo da tecnologia e I&D aos serviços e indústria.

 

Têm alguma área de especialização?

A nossa especialização reflete a nossa localização e a missão de atuar em territórios de baixa densidade, transformando desafios em oportunidades. Temos competências específicas e projetos ativos em quatro eixos principais: Empreendedorismo Rural e Agroalimentar, com valorização de produtos endógenos e inovação em territórios de montanha; Economia Azul, com inovação colaborativa e sustentável no espaço atlântico; Economia Social e Digital, com impulso ao empreendedorismo social e às cooperativas digitais; e Indústria 4.0 e Transição Digital, com apoio à digitalização (IA, Cibersegurança) em setores tradicionais como o calçado, mobiliário e turismo.

 

Em que consiste o vosso modelo de incubação?

O nosso modelo desenvolve-se em três fases sequenciais:

  1. Pré-Incubação (6 meses a 1 ano): Validação de ideias, orientação na elaboração de Planos de Negócio, apoio à constituição da empresa e assessoria em sistemas de financiamento.
  2. Incubação: Com duração de 3 anos (extensível excepcionalmente por mais 2). Pode ocorrer em modalidade física (Gabinete, Coworking ou Nave Industrial) ou virtual.
  3. Apoio Contínuo: Serviços de assessoria à gestão, marketing, apoio à internacionalização, acesso a crédito e ligação à comunidade científica (IPVC e CiTiN) para atividades de I&D.

 

Conta-nos a história de uma startup que tenha marcado a incubadora? E onde é que a incubação convosco fez a diferença?

Mais do que uma história isolada, o nosso grande marco é a consistência e o volume do impacto gerado no ecossistema regional. O nosso histórico conta com mais de 1.000 entrevistas, a seleção de 888 empreendedores e a concretização de 173 planos de negócios. Este acompanhamento traduziu-se na criação de 378 empresas apoiadas (91 em incubação física e 140 não incubadas). Além do apoio direto, dinamizámos a comunidade com cerca de 300 eventos e mais de 62.500 participantes, criando um ambiente fértil para o networking.

A incubação connosco faz a diferença especialmente em projetos de cariz industrial ou tecnológico que exigem prototipagem rápida. O acesso às nossas 10 Naves Industriais e ao Fab.Lab Alto Minho (laboratório de fabricação digital) permite materializar ideias: passar do desenho no computador ao objeto 3D em poucas horas é uma vantagem competitiva difícil de encontrar em incubadoras de serviços convencionais.

 

Falhar também faz parte do caminho. Qual a maior aprendizagem com algo que não correu bem?

A experiência num território de baixa densidade ensinou-nos que não basta criar empresas; é crucial garantir a sua sustentabilidade, regeneração e adaptação. Aprendemos que as startups estagnam se não houver acompanhamento de proximidade e foco em modelos de negócio digitais e tecnologicamente avançados.

Essa lição levou-nos a implementar projetos como o “EMER”, “H2E” e “Digi4Future”, focados na capacitação personalizada e mentoria para aumentar a taxa de sobrevivência. Adotámos também a estratégia de “tripla hélice” (Ciência, Incubadora, Startup) para combater o isolamento dos empreendedores.

 

Qual é o fator diferenciador da vossa incubadora? O que têm de único que potencia o sucesso das startups?

O nosso fator distintivo é a simbiose entre infraestruturas industriais de ponta e uma qualidade de vida excecional. Estamos inseridos na Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, junto ao único Parque Nacional Português (Peneda-Gerês), com acesso à Ecovia do Vez e a uma gastronomia ímpar. Diferenciamo-nos por oferecer recursos físicos singulares, com 10 Naves Industriais para acolhimento produtivo, além de gabinetes individuais e coworking.

Diferenciamo-nos também pela tecnologia: um Fab.Lab integrado numa rede mundial para prototipagem e um CITIN (centro de interface tecnológico), ligando empresas à investigação aplicada. E pelo ecossistema de proximidade, com articulação estreita com a CIM Alto Minho, IPVC e Municípios, facilitando o acesso a decisores e redes de cooperação.

 

A comunidade é um fator chave. Como cuidam da vossa e que planos têm para a tornar mais coesa?

Cuidamos da comunidade através de uma agenda constante de networking, workshops, concursos de ideias e uma forte ligação às escolas locais e profissionais para promover o empreendedorismo juvenil. Trabalhamos ainda com o IPVC em laboratórios de ideação.

Para 2026, vamos reforçar esta dinâmica com sessões de partilha de “Boas Práticas e Casos de Sucesso”. Iremos trazer empresários convidados para partilhar experiências na primeira pessoa, interagindo diretamente com os nossos incubados e inspirando novos empreendedores.

 

Quais são os principais desafios para a incubação no vosso contexto?

Os nossos desafios centrais são a baixa densidade populacional, o que dificulta a obtenção de massa crítica (em quantidade e qualidade) para dinamizar continuamente o ecossistema; a gestão do próprio espaço, com gerir a ocupação das infraestruturas (atualmente com lista de espera), assegurando a rotatividade necessária para acolher novas ideias e transferir empresas consolidadas para Parques Empresariais; e ainda a resiliência económica, ou seja, conseguir capacitar as empresas face à globalização e à incerteza nos mercados de financiamento.

 

Querem partilhar alguma novidade ou evento futuro?

Sim, 2026 será um ano dinâmico, mas deixo-vos apenas duas notas. Destacamos, em janeiro de 2026, a sessão de lançamento do projeto H2E, um Hub para a promoção do emprego e empreendedorismo no Alto Minho. E, ainda no 1.º trimestre de 2026, vamos também lançar o Digi4Future, um programa de capacitação massiva em IA e Cibersegurança para empresários.

 

ABOUT #INCUBXDISCOVERIES

#IncubXdiscoveries é a rubrica mensal da Startup Portugal que vai ajudar-te a descobrir as incubadoras portuguesas. Que projetos incubam, como gerem a sua comunidade e que casos de sucesso tiveram e projetos futuros, são alguns dos temas abordados nestas entrevistas.

Se gostarias de conhecer melhor a In.Cubo, porque gostarias de ver o teu projeto incubado nesta região ou porque queres estabelecer uma parceria, contacta a equipa da Startup Portugal através do e-mail incubadoras@startupportugal.com.

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Startup Portugal Team • Dezembro 18, 2025

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