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“Uma cultura de colaboração”: a força motriz do VougaPark

“Uma cultura de colaboração”: a força motriz do VougaPark

Localizado em Sever do Vouga, o VougaPark – Centro de Inovação tem vindo a afirmar-se como um agente-chave no apoio ao empreendedorismo regional. Apostando na colaboração e em parcerias estratégicas, oferece suporte ajustado a diferentes fases de desenvolvimento. Falámos com Andreia Fonseca, gestora da incubadora, para conhecer melhor o espaço, o seu modelo e o que o distingue na região centro de Portugal.

Este conteúdo está disponível em inglês.

 

– Como surgiu o VougaPark? Que tipo de projetos incubam?

O VougaPark – Centro de Inovação é uma incubadora empresarial localizada em Sever do Vouga, criada como uma iniciativa estratégica do município de Sever do Vouga. O seu principal objetivo é fomentar um ecossistema inovador que promova a produtividade e competitividade das empresas na região.

O VougaPark nasceu da necessidade de dinamizar o tecido empresarial local, oferecendo suporte a empreendedores e empresas em diferentes fases de desenvolvimento. A incubadora acolhe projetos nas áreas da metalomecânica, agronegócio, turismo (associado à saúde e desporto/aventura) e floresta.

 

– Em que consiste o vosso modelo de incubação?

O modelo de incubação do VougaPark é adaptado às diferentes fases de desenvolvimento empresarial, oferecendo incubação física e virtual, espaços de coworking, áreas para scaleups, laboratórios de investigação e desenvolvimento, bem como salas de formação e workshops. Além disso, disponibiliza serviços como apoio técnico e logístico, aconselhamento empresarial, observatório de inovação e promoção de redes de contactos e parcerias.

 

– Conta-nos a história de uma startup que tenha marcado a incubadora. E onde é que a incubação convosco fez a diferença?

A Graphenest é um excelente exemplo de como uma startup pode marcar a diferença numa incubadora e beneficiar de um ecossistema de inovação em Portugal.

Fundada em 2015, a Graphenest é uma cleantech portuguesa especializada na produção de grafeno e compósitos avançados para blindagem eletromagnética (EMI shielding). A empresa desenvolveu um método termomecânico inovador que permite produzir grafeno de alta qualidade a custos até 1000 vezes inferiores aos métodos tradicionais, sem recorrer a químicos perigosos ou processos poluentes. As suas soluções são aplicadas em setores como eletrónica, telecomunicações, automóvel e aeroespacial, oferecendo vantagens como redução de peso, custo e impacto ambiental.

A Graphenest iniciou o seu percurso no VougaPark – Centro de Inovação, um espaço localizado em Sever do Vouga e integrado na rede de incubadoras da Região de Aveiro. Este ambiente proporcionou condições ideais para o desenvolvimento da sua tecnologia.

A incubação no VougaPark foi um dos fatores que permitiu à Graphenest atrair investidores e reconhecimento nacional e internacional. A Graphenest é um exemplo claro de como uma incubadora pode fazer a diferença no percurso de uma startup, proporcionando-lhe as condições necessárias para transformar uma ideia inovadora num projeto de sucesso. Com uma equipa sólida, tecnologia diferenciada e apoio institucional, a empresa está a afirmar-se como líder no desenvolvimento de soluções sustentáveis baseadas em grafeno, com impacto em várias indústrias estratégicas.

 

– Falhar também faz parte do caminho. Qual a maior aprendizagem com algo que não correu bem?

Embora não existam relatos específicos de falhas, é reconhecido que o processo de incubação envolve riscos e desafios. A aprendizagem contínua e a adaptação são essenciais para superar obstáculos e transformar falhas em oportunidades de crescimento. Nem todos os projetos chegam ao sucesso — e isso faz parte. Ao longo do tempo, já acompanhámos iniciativas que não avançaram como se previa, seja por falhas no modelo de negócio, dificuldades de mercado ou falta de alinhamento entre os fundadores. A grande lição que tiramos é que a resiliência e a capacidade de adaptação são cruciais. A falha, quando bem analisada, torna-se uma fonte poderosa de aprendizagem para os empreendedores e para nós, enquanto incubadora.

Um caso marcante foi o da NBS Group – NBS Efficient Engineering Solutions, que é uma empresa especializada em soluções de engenharia focadas na gestão sustentável da água e do ambiente. Fundada em 2014 em Sever do Vouga, tem agora escritórios em Aveiro e Lisboa.

Durante o período de incubação, a NBS Group mostrou ambição e capacidade técnica, mas com o tempo tornou-se evidente que o seu modelo de negócio não estava totalmente alinhado com as dinâmicas e necessidades do ecossistema local. A empresa acabou por sair do espaço e seguir outro caminho.

Esta situação ajudou-nos a perceber a importância de avaliar não só o potencial técnico ou comercial de uma ideia, mas também o grau de encaixe com o território, a rede de apoio disponível e o perfil dos empreendedores. A principal aprendizagem foi reforçar o nosso acompanhamento estratégico desde o início, ajudando os projetos a testarem rapidamente as suas hipóteses e a ajustarem o rumo sempre que necessário. Aprendemos também que, para reter projetos com ambição de escala, é essencial existir uma resposta rápida em termos de espaço e logística, mas também políticas que atraiam e fixem talento na região.

A saída da NBS Group não foi uma falha no sentido negativo, mas sim uma experiência que nos mostrou onde podíamos e devíamos evoluir enquanto incubadora regional.

 

– Qual é o fator diferenciador da vossa incubadora? Por outras palavras, o que é que vocês têm de único que potencia o sucesso das startups que incubam?

O VougaPark distingue-se pela sua abordagem integrada, que combina apoio técnico, acesso a redes de conhecimento e parcerias estratégicas, num ambiente propício à inovação. A sua localização em Sever do Vouga oferece ainda um contexto único, com forte ligação à natureza e qualidade de vida — atraindo empreendedores em busca de equilíbrio entre trabalho e bem-estar.

 

– Que tipo de projetos ou startups estão agora à procura?

O VougaPark procura projetos inovadores nas suas áreas de especialização: metalomecânica, agronegócio, turismo ligado à saúde e desporto/aventura, e floresta. Estamos abertos a startups em diferentes estágios de desenvolvimento, desde a fase de ideia até à expansão (scale up), que demonstrem potencial de crescimento e impacto na região.

 

– A comunidade é um dos factores que distingue uma incubadora de um centro de escritórios. Como cuidam da vossa e que planos têm para a tornar mais coesa e fértil?

O VougaPark promove uma cultura de colaboração através de espaços de coworking, eventos de networking, workshops e programas de formação. Estas iniciativas visam fortalecer os laços entre os empreendedores, fomentar a partilha de conhecimentos e criar um ambiente propício à inovação e ao crescimento conjunto.

 

– Quais são os principais desafios para a incubação, no vosso contexto concreto?

Entre os desafios enfrentados estão a atração e retenção de talento em regiões do interior, a necessidade de financiamento para startups em fases iniciais e a adaptação às rápidas mudanças tecnológicas. O VougaPark trabalha ativamente para superar estes obstáculos, oferecendo suporte personalizado e promovendo parcerias estratégicas.

 

SOBRE O #INCUBXDISCOVERIES

#IncubXdiscoveries é a rubrica mensal da Startup Portugal que vai ajudar-te a descobrir as incubadoras portuguesas. Que projetos incubam, como gerem a sua comunidade e que casos de sucesso tiveram e projetos futuros, são alguns dos temas abordados nestas entrevistas.

Se gostarias de conhecer melhor o VougaPark, porque gostarias de ver o teu projeto incubado nesta região ou porque queres estabelecer uma parceria, contacta a equipa da Startup Portugal através do e-mail incubadoras@startupportugal.com.

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Startup Portugal Team • Junho 20, 2025

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